19/12/2017 - Pós/durante surto

Ser perfeito não compensa. Um esforço sobrehumano para ser infalível e agradar, que não resulta em nada que não desgosto. Desgosto por eu reprimir os sentimentos "irracionais" dos quais tenho medo. Desgosto por ignorar meus instintos e vontades. Desgosto por prezar tanto por ser absolutamente justo e não receber o mesmo em troca. Eu choro porque o que me ensinaram não funciona. Eu fui a aluna exemplar que viu seu esforço resultar em nada que não infelicidade. Nada serve, nada presta. Os resultados positivos não trazem o retorno afetivo/a satisfação desejada. Os resultados negativos, quando ousei me desviar do caminho estabelecido, são duramente condenados. Eu choro porque ser gentil não compensa. Porque ser generoso é nada mais que ser explorado. Porque fiz o impossível, e fui desprezada, substituída, magoada. Qual o ponto de tudo isso?! Qual a razão dessa vida? Busquei tanto agradar os outros, tanto seu carinho e reconhecimento, e não tenho nada. Me sinto incapaz de fazer os outros felizes, porque não faço nada certo. Nada é o bastante. Nada é suficiente. Me sinto um animal selvagem mutilado, preso em uma jaula, alucinado pela liberdade, cujos esforços frenéticos se provam cada vez mais inúteis. Sinto que me debato com os olhos fora das órbitas de desespero e loucura, e não sou forte o suficiente para mover um centímetro o meu cárcere. Sou impotente. Sou invisível. Sou inaudível. Minha dor extrema não desperta em ninguém nenhuma compaixão. Nenhuma reação. Nada. Ninguém me abraça. Ninguém me acolhe. Só mais exigências. Mais e mais. Sinto que a única forma de romper minha prisão e conquistar a liberdade é a minha morte. Talvez eu esteja rompendo com o último dos padrões. Eu não vou ser sempre legal. Não vou ser legal com todos. Eu cansei de ser trouxa, eu cansei de ser usada. Eu cansei, cansei. Ou eu morro ou eu aprendo. O que for mais rápido. Me ensinaram a ser mártir. A ser cordeiro. A servir. A agradar. A calar a boca. A relevar. A perdoar. A esperar. A ter paciência infinita. E, mesmo o fazendo, me censuraram, pois nunca era suficiente. E os ensinamentos não davam certo. E tudo isso me mata. Não vale a pena. Me abandonaram e não lutei. Me chutaram e não resisti. Me cuspiram e não revidei. E a culpa sempre parece ser minha. Sempre minha culpa. A culpa externa. E a interna, por me deixar acontecerem essas coisas comigo. Me perdoarei eu um dia?

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