Esse ano eu deveria ser canonizada - Apenas a expressão da minha auto-piedade e cansaço

Eu escrevo, porque preciso de perdão. Do meu perdão. Quanta dor viva no fundo do meu coração triste. Triste por ter sido tão maltratado. Tão aguda e estupidamente maltratado. A felicidade dos tempos passados me é apenas dor. Tão somente dor. O que significou toda aquela alegria gritante se o final foi uma punhalada? Eu não consigo entender. Chegaram perto de mim, adentraram minhas defesas. Eu me abri. Eu era peito nu e braços abertos de confiança. Recebi carinho. Recebi amor. Recebi, sem aviso, um chute no estômago. Uma facada nas costas. Amei quem não me quis mais. Amei quem nunca me quis. Sentimentos não são sempre recíprocos, e isso por si só não é problema. Acabou, acabou. Não é, não é. Só não se esqueçam de me manter a par disso. Faz toda a diferença. Sou passional e sinto tudo de forma muito viva. Ao mesmo tempo em que a razão rege tudo o que faço. Encarecidamente peço que me digam "não". "NÃO". Por que caralhos não me disseram "não"?!?!?!?!?!?!?!?! Sou eu agora obrigada a interpretar os outros sinais quando das suas bocas mentirosas sai um "sim"? Eu acredito. Eu não quero viver em dúvida e colocar em cheque tudo o que me dizem. Talvez tenham mentido para mim. Provavelmente mentem para si mesmos. Com certeza são uns egoístas do caralho. E não consigo me perdoar por ter caído nas suas garras escorregadias.
Meu ódio é inútil. A violência que quase me urge infligir nunca atingirá quem eu quero. Seja física, sejam minhas palavras. Eu não causo nenhum efeito nessas pessoas que não me querem. Minha fantasia voa para o fato de que certamente se eu possuísse alguma conexão escusa contrataria alguém para sentar o pau nesses vermes bem na minha frente. Será que isso me faria mais feliz? Me traria isso redenção? Agora dizendo, a vingança me parece proveitosa. Deitar sobre esses filhos da puta uma pequena parcela da dor que me come o coração. Mas, no meu íntimo, talvez pense que isso não me traria nenhuma redenção verdadeira. Por que isso me machuca tanto? Por que me sinto tão traída?! Eu quero me perdoar. Eu preciso do meu perdão. Eu preciso descansar. Como isso me desgasta. Eu só quero ficar em paz. Na minha paz. Tão serena. Uma imersão que alivia o meu sofrer. Uma água macia, uma luz que me cura. Cheguei ao meu limite. Eu me rendo.
Não consigo deixar de ver as coisas de forma maniqueísta. Eu, fiel, leal, virtuosa. A fé, o amor, a certeza inabalável. Essa sou eu. Tão verdadeira nos meus sentimentos e intenções. Do outro lado, a dúvida, o egoísmo, a extrema falta de compaixão. Vis traidores da minha fé. Vindos do abismo para ganhar minha confiança e conseguir me golpear com desprezo. O primeiro eu havia perdoado, genuinamente. Acreditei ele não ter conhecimento suficiente sobre si (o que é verdade) e, como resultado, me feriu com sua ignorância. Acreditei na sua boa fé. Perdoei seu erro que me fora tão custoso e pesado. Acreditei que manteríamos uma boa relação de amizade. Eeeee... rufem os tambores, me enganei DE NOVO! BURRA! O problema disso é a paz do meu perdão ter se esvaído, e toda a minha triste jornada ter voltado a doer.
O segundo também perdoei. Ele era verdadeiramente fraco. E isso me pegou. Minha compaixão se fez transbordar. O foda é que ele também era verdadeiramente egoísta. Perdoei. Nova cagada. Lá se vai a paz do meu perdão. Como posso encontrar um novo perdão dessas situações?! Como posso perdoar essas pessoas e me perdoar? Meu crime foi ser um ser humano decente. Meu crime foi ser tolerante. Meu crime foi ser frágil. E por isso não consigo me perdoar. Por não ter mandado todos se foderem quando deveria. Por não ter dito que eles são um LIXO de pessoa. E agora volto para o ponto da violência inútil. A violência que se volta contra a minha impotência. De não poder fazer com que eu tenha importância para esses monstros. Me vejo abandonada. Rejeitada. Tudo o que eu tenho de melhor, cuspido. Não consigo me perdoar. Por eu ter sido inadequada. Por ter sido boa demais para essas pessoas.

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  2. Como uma alma pode parecer tanto um tribunal, com reús, juízes, advogados e uma guilhotina?
    Quem escreveu esse texto está disposto a manter o júri sempre em funcionamento? A lei é rígida, inflexível e CEGA. Vejo seus olhos brilhando de ver, de perceber, de calcular, de repensar, de "e se"s infinitos. Seu corpo sendo um aparato burocrático de processamentos em assa de documentos sentimentais.
    Você acredita que existe paz num setor administrativo? Eu nunca vi, nem imagino. As teclas e papeis se esbarrando o dia todo, os processos, minúcias da lei.
    Suspendam a sessão! Esse juizado se afundou na papelada da alma...

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