Basta.

Me sinto tão pequena. Tão estúpida. Tão inútil. Sinto ódio. Ódio de mim mesma. Sinto ser minha culpa. Minha culpa não ser suficiente. Minha culpa por me sentir abandonada. Minha culpa por tudo o que eu faço não ser bom. Não ser o bastante. Sinto ser minha culpa todas as duras críticas que recebi da minha mãe, e do meu pai. Sinto ser minha culpa eu ter sido deixada pelo Andrey. Pelo Leonardo não querer ficar comigo. Porque não sou boa o bastante. Porque não sou gostosa o suficiente. Porque não sou boa na minha profissão. Porque não sou bonita ou interessante o suficiente. Porque não cozinho bem o suficiente. Porque não sou decidida o suficiente, ou segura o suficiente. Porque não me cuido bem o suficiente. Porque não sou uma musicista boa o suficiente. Porque meu esforço não é suficiente. Minha inteligência não é suficiente. Meu planejamento não é suficiente. Não cuido das minhas finanças bem o suficiente. Não sou uma filha boa o suficiente. Não sou uma namorada boa o suficiente. Não sou uma cantora boa o suficiente. Sou só um fracasso deplorável. Uma miserável. E não consigo me perdoar. Não consigo me perdoar. É difícil ser feliz quando tudo o que eu faço não é suficiente. Quando meus esforços não resultam em nada satisfatório. Não limpo a casa o suficiente. Não cuido dos meus animais bem o suficiente. Não estudo para a faculdade o suficiente. Não me dedico ao meu emprego o suficiente. Não me exercito o suficiente. Não cuido da minha aparência o suficiente, ou da minha alimentação. Nada basta. Nada. Não vale a pena. Qualquer esforço, qualquer movimento. Só o que me espera é solidão. Tudo o que me espera é ser rejeitada e abandonada. Porque não mereço o que busco. Não mereço ser uma grande cantora de ópera. Não mereço ser feliz. Não mereço ter alguém. Porque sempre estrago tudo. Porque eu não me dedico o suficiente. Porque eu não tentei estudar todos os dias. Porque eu não consegui ser uma máquina. Ninguém me quer. Ninguém vai me querer como eu sou. Ninguém vai acolher meus defeitos. Ninguém vai aceitar minhas imperfeições. Elas são repugnantes. Meu eu é indigno. Eu sou indigna. Eu nunca vou ser uma grande cantora de ópera. A música, que me fazia livre, se fechou para mim. O poder que eu sentia, o brilho no olhar, a energia eletrizante que me fazia invencível, se apagou. Eu nunca vou cantar com uma grande orquestra. Nunca vou incorporar minhas heroínas para um público hipnotizado. Nunca vou ser a diva que eu acreditei ser. Minha certeza secou, e morreu. A voz que gritava a plenos pulmões, imperfeita e livre, minguou na minha garganta, porque dela eu me envergonho. Eu tento tanto me amar, e me achar suficientemente boa. Tento ser feliz, e ter paz. Mas não tenho meu próprio perdão. Perdoei os que me machucaram, e que me machucam. Mas não consigo perdoar a mim mesma. E me machuco. Quero amar minha voz de novo. Quero amar meu corpo, alguma vez na vida. Quero que o sexo me faça gozar, uma vez na vida. Para minha surpresa, vem-me o flerte com a morte. Mas sei que é uma sensação passageira, causada por esse mergulho ao fundo do poço. Precisei visitá-lo, porque preciso saber o que acontece nas minhas profundezas. Preciso lançar luz à minha sombra. E que sombra escura é essa. Tantas feridas feias se escondem aí. Minhas memórias são tão amargas. Amarguei o amor que eu sentia pela ópera, pela música clássica. Qualquer período da minha vida eu me lembro como sendo amargo. Minhas emoções me desgastam, me drenam, me esgotam. Eu não faço nada direito. Eu não acerto uma. Carrego todos os meus fracassos, todos os dias, nas costas. Mesmo que eu não perceba. Eles estão ocultos, invisíveis. Presentes. Nem cantar as minhas tristezas eu posso mais. Não posso. Minha garganta se fecha, e sai dela apenas um som abafado e feio. E me dói. Transformei a minha válvula de escape em mais uma fonte de frustração e tristeza. Sinto falta do meu som. Da minha voz sem vergonha. Sem cobrança. Sem peso. Da minha voz da qual não dependia meu futuro, minha carreira, meu dinheiro, meu nome. Minhas escolhas são todas ruins. Todas elas. Olho para meu namorado, e não sei o que estou fazendo. Não sei se eu que sou tão fodida por dentro que não consigo passar um dia sem questionar nosso relacionamento. Não sei se ele que não se sente entusiasmado o suficiente para me dar a atenção que eu gostaria. Gostaria tanto de ser querida e desejada. Muito desejada. Mas é impossível. Ninguém nunca vai me querer com essa fúria. Ninguém que eu queira. Ninguém que eu ame. Queria que você me quisesse. Que me agarrasse pelos cabelos, que usasse sua força para me submeter. Que quisesse me tomar para você, me tornar sua, e só sua. Que falasse comigo ao longo do dia, como uma pessoa normal. Que quisesse ser parte da minha vida. Que quisesse ficar ao meu lado, viver comigo. Dormir comigo. Desejo vão. Quando reivindico qualquer dessas coisas, e sou rechaçada, deixo de me sentir poderosa, e me sinto ridícula. Meus desejos perdem a cor, e morrem. Queria que meu ex namorado tivesse terminado comigo com decência. Queria tantas coisas. Mais sinceridade. Mais transparência. Mais comunicação.

-"Você coloca o dedo na minha ferida"
-"Precisa colocar o dedo na ferida para tirar o pus" - meu pai e seu imenso conhecimento sobre medicina e sobre como tratar da dor emocional da própria filha com toda a sensibilidade.

-"Eu tenho vontade de me matar"
-"Você acha que isso me assusta? Eu não tenho medo dessa ameaça" - meu pai, achando que meu desejo de tirar minha própria vida é uma chantagem emocional;

-"Você não está comendo demais, não?" - abocanho ostensivamente uma porção exagerada de comida - "a sua tia faz a mesma coisa..." - ainda meu pai, me enchendo o saco e comparando meu comportamento ao da minha tia obesa, esquizofrênica e dependente química.

-"Não pode deixar avançar o sinal" - para mim, em meu primeiro relacionamento.

-"Você acha que eu não sei que você e sua irmã não são mais virgens?" - nem lembro o contexto, mas, honestamente, qual a relevância disso em qualquer contexto? Não é da sua conta, nem da de ninguém.

-"Não vai pra canto com menino". Minha gentil e doce mãe ao me orientar sobre relacionamentos e sexualidade. Eu tinha 10 anos. Ela pegou meu braço com força.

-"Não vai colocar esse anúncio. Tem gente que pensa coisa ruim". Minha avó paranoica para mim, que queria colocar um anúncio para encontrar uma cadelinha para cruzar com meu poodle, aos 9 anos de idade.

Mãe, sempre:

-"E eu, que perdi o pai com 18 anos?"

-"E eu, que tive síndrome do pânico?"

-"Eu pesava 50kg, não comia nada. Vesti a mesma calça jeans por xyz anos"

-"Você é egoísta"

(Eu não sou egoísta. Eu sou egoísta?)

-"Você é individualista"

-"Você é preguiçosa"

-"Você come com culpa"

-"Não vai comer isso"

-"Você tá comendo muito pouco"

-"Você é fria"

-"Você tinha conseguido emagrecer"

-"Você pode fazer o que você quiser, você tem tantas habilidades. Tudo o que você faz dá certo"

-"Por que tirar 8 se você pode tirar 10?"

-"Se tivesse estudado, tinha passado"

-"Tá cansada de quê, se você não faz nada?"

-"Eu comprava uma Nhá Benta e levava três dias para comer, para aproveitar bem"

-"Nossa, meu vestido coube em você?" - eu com 55kg

-"Todos os meninos queriam sair comigo, aí as meninas faziam bulling comigo"

Me levar ao endocrinologista para perder mais peso. Eu estava abaixo do meu imc.

-"Claro que não deu certo, você nem se esforçou"

Tanta agressão gratuita. Me sinto fraca. Me sinto esvair. Sinto vontade de desistir. Uma vida assim não vale a pena. Em que as pessoas que mais amei me agridem sem porquê.

De onde veio minha depressão? De onde veio toda essa merda? Por que deixei de ser uma criança tranquila para me tornar uma adolescente e uma jovem tão perturbada pelo peso mortificante da desolação? Meus pais certamente colocaram ideias de grandeza na minha cabeça. Eu sou talentosa. Eu sou boa em muitas coisas. Porque faço o que gosto com carinho e atenção. E também me colocaram metas impossíveis e padrões inalcançáveis como não mais que aceitáveis.

Comer é nutrir. A comida serve para nutrir. Eu me privei da comida para ter o afeto e a aprovação da minha mãe. Minha provedora, minha primeira fonte de nutrição. Deixei de ter a nutrição da comida e a nutrição do afeto materno. Passei a compensar comendo demais. Buscando conforto nessa comida. E obtendo, assim, cada vez mais reprovação. Da minha mãe, das amigas, de colegas, da sociedade inteira. De mim mesma. Quantas vezes não quis me machucar. O quanto eu, uma criança passando para a conturbada adolescência, não me odiei. Como pode uma criança se odiar? Que paradoxo. Comi para me sentir nutrida de afeto, de carinho. Aquele afeto gostoso, aquela comida de vó, aquela ceia de Natal, aquele bolo de aniversário, aquela maçãzinha raspada que eu ganhava na boca quando ficava doente. Comi cada vez mais para preencher esse buraco, e o efeito é sempre o contrário. Que lógica perversa. Como para me sentir feliz e amada. Engordo. Me odeio, me sinto indigna, me sinto feia, me sinto repulsiva. Como mais, na tentativa de me sentir bem. Engordo mais. Me odeio mais, me sinto mais indigna, me sinto mais feia, me sinto mais repulsiva.

Nada é bom o bastante. Nada menos que perfeito serve. Sempre há um detalhezinho que podia ser de outro jeito, que não saiu tão bom. Nas minhas condutas, nas condutas dos outros. Nas coisas que eu faço, nas coisas que eu tenho, nas coisas que acontecem. Sempre uma repreensão. Nunca acolhimento. Sempre uma crítica, nunca uma palavra de incentivo. Incentivo? Falar que eu não estou me esforçando o suficiente. Melhor apontar o dedo que estender a mão. Eu sei, mãe. Você foi mais bonita e mais magra do que eu. Suas virtudes foram muito superiores, e seus infortúnios incomparavelmente mais dolorosos. Penso na foto da minha formatura da oitava série. Em que usei o vestido que "surpreendentemente" coube em mim. Olho hoje aquela foto. Eu era uma princesa. Linda, belíssima, nobre. Tão linda. Queria que alguém tivesse dito o quão linda eu era. Queria poder abraçar aquela menina de 14 anos e dizer o quão foda que ela é. Que ela é suficiente. Que ela se basta. Que ela é linda de morrer. Que ela é perfeita. Que ela merece ser feliz. Que ela deve ouvir o próprio corpo e ser dona dos seus desejos, com liberdade e alegria. Que namorar não é errado. Que sexo não é errado. Não é vergonhoso. Não é se atropelar desenfreadamente achando que isso lhe trará prazer por ser contraventora. Carolina, minha Carolina. Você é linda. Você é incrivelmente inteligente, engraçada, generosa. Você é uma pessoa boa, linda por dentro e por fora. Você não vale só as suas conquistas acadêmicas e profissionais. Você é muito mais do que isso. Você é luz, é amor, é energia boa. Você é uma amiga generosa que tem um grande coração. Você é engraçada. Você é carinhosa e cuida daqueles que estão à sua volta. Essa sou eu. E me dói pensar que não consigo me lembrar de uma situação sequer em que precisei de apoio e recebi um abraço, um carinho, um beijo. Um colo, uma palavra de conforto. Nunca ninguém me ouviu. Ninguém parou para me escutar, para me compreender. Meu intelecto fugiu ao controle de vocês, e minhas ideias e sentimentos foram junto. Eu compreendo, eu fui uma criança diferente, e uma adolescente diferente. Eu saio do comum, e isso não deve ter sido fácil para vocês. Debater com uma criança de 11 anos que não quer comer carne, com uma menina de 14 anos que quer fazer canto lírico, ou esgrima, ou jogar RPG na casa do namorado doido. Conceber uma adolescente de 16 anos que quer ser vegana e que se culpa por cada passo seu prejudicar a Natureza é desafiador. Não me lembro de diálogo, só de tentativa de imposição. Rigidez. Inflexível. Impassível. Irredutível. Quanta mágoa eu senti. Quanto ódio. Esse cordeirinho sofreu. Se não calada, muito mais quieta do que seus sentimentos pediam. Triste por não ter gritado, por não ter batido o pé, por não ter me defendido. Por não ter pedido socorro a plenos pulmões. Por não ter xingado, violado regras, tocado o foda-se, cagado pra tudo. Naquela época, eu não sabia que fazer isso não era o fim do mundo. Que as consequências das minhas ações não eram irremediáveis. Quisera eu voltar no tempo e contar isso para mim. Ter sido mais escorregadia, mais astuta, mais filha da puta. Quisera eu ter sido ensinada a me defender. Ter sido apoiada a me respeitar, sempre e em primeiro lugar. Não me ensinaram a ter confiança em mim. Não me incentivaram a me amar pelo que eu sou. Agora eu sei, e posso fazer tudo isso. Mas preciso curar essa ferida antiga. Antiga e tão profunda. Preciso lançar luz sobre essas chagas do passado. Sobre essa criança, sobre essa adolescente severamente reprimida. Sobre essa jovem adulta que penou com as consequências dessa criação. Vó, sinto falta do seu abraço. A única verdadeira lembrança que eu tenho de carinho e acolhimento. E de seus deliciosos almoços de domingo. Olha aí. Comida. Afeto. Carinho. Colo de avó. Comida = colo de avó. Assim realmente fica difícil parar de comer compulsivamente.

Minha vida é muito cansativa. Não é à toa que mesmo períodos bons sejam lembrados por mim com ansiedade e desconforto. Eu questiono absolutamente tudo o que eu faço. Eu julgo tudo o que faço ou que se sucede. T U D O. É muito cansativo pensar, calcular e se cobrar tanto, sem descanso, sem trégua. Tudo é motivo de insatisfação. Qualquer coisa eu poderia ter feito melhor. Cada ação ínfima é uma equação infinita de inúmeras variáveis. Minha cabeça se cansa. Eu me canso. Minha vida é cansativa, e me cansa, e me exaure. Queria listar tudo o que me insatisfaz, mas é realmente tudo. Porque nada é perfeito. Nada menos que perfeito é aceitável. Nada é aceitável.

Eu me sinto sexualmente e afetivamente rejeitada. Claro, sou uma gorda feiosa. Queria um abraço de vó. Queria me matar de comer.

Insight matinal

Os animais são aqueles que me ofereceram amizade incondicional. Contato físico. Carinho. Olhar de puro de amor. São aqueles a quem dei colo. Léo, o gato persa azul. Aquele gigante mal humorado que gostava só da minha tia, do meu tio e de mim. Eu, uma criança. Que era cuidadosa, que o enxergava com delicadeza. Me lembro da textura do seu pelo, do seu ronronar, do seu cheiro. Dos seus olhos amarelos. Eu amava gatos. Eu queria um gato que fosse meu a qualquer custo. Durante um ano, foi meu único sonho e meu único desejo. Eu acordava gato, vivia gato, rezava dez Aves Marias e dez Pais Nossos para pedir um gato e dormir gato. Eu era fascinada pelos gatos da rua, meus amigos. Serenos e carinhosos. Só eu os entendia, e só eles me entendiam. Tínhamos o mesmo temperamento. Tínhamos cumplicidade. O cachorro que ganhamos não me entendia, não me via, não era meu amigo. Eu não nutria por ele aquela amizade. Espero que ele tenha sido feliz, aquele poodlezinho branco. Eu amo animais em absoluto. Eles são a melhor coisa da minha vida. Nunca quis ser mãe de um ser humano. Mas tenho esse sentimento de cuidado e carinho para com meus amigos peludos. Curiosamente, eu queria ser avó sem ser mãe. A figura da avó me traz admiração e apreço. Queria eu ser avó, mas, jamais, ser mãe de crianças humanas. Eu queria ser avó, e queria ser amiga de muitos animais. Eu queria ser a grande anciã, a matriarca sábia e provedora. A que nutre e dá carinho. Os únicos que sinto que me deram esse amor na infância. Minha avó materna, eu mesma, através da Natureza, e os animais tão amados. Que anos duros foram quando, já uma jovem adulta, perdi minha avó materna. Meus pais se divorciaram, e minha mãe revelou o monstro egoísta que ela é. Não me admira agora que eu tenha surtado. Perdi o chão, perdi a referência, perdi. Ouvir minha mãe dizer e fazer o que a minha me disse e me fez é muito mais do que eu poderia suportar. E Leonardo, meu namorado à época, nada tinha a oferecer àquela jovem cujo mundo estava despencando. Fui à casa vazia e empoeirada da minha avó falecida. Chorei. Foi o meu momento mais baixo. Deitada no chão do quarto dela, quis morrer. Pesquisei formas para tirar a minha vida. Eu não queria mais. Eu não tinha apoio em lugar algum. As figuras mais básicas e importantes se haviam ido, ou se voltaram contra mim, ou me eram indiferentes. Chegou em nossas vidas um anjo do céu. Roberto. Meu companheiro inseparável, minha dose infinita de amor incondicional. Meu amigo, meu bebê. Que comovente é o seu olhar, a sua devoção, o seu carinho, o seu amor. Troquei de namorado. Alguém que me incluía em sua vida. Ganhei, por um período importante, uma nova família. Fui acolhida, fui amada, fui querida. Fiz parte de algo. Tive uma avó materna de novo. Tive uma mãe carinhosa e acolhedora. Tive o apoio de um homem que me escutava, e que tinha algo a dizer. Que me dava colo e palavras sábias. Quis adotar duas gatinhas lindas e inseparáveis na ONG em que trabalhei. Fato que me fez bater de frente com minha mãe. Desnecessário dizer que isso foi uma tragédia, uma queda de braço em que o meu braço, sem chance alguma, era o mais frágil. Escrevo isso na companhia de Tulipa, minha companheira de quase 19 anos, e de Roberto. Os dois estão em minha cama, ao meu lado, me fazendo companhia, em toda a sua glória peluda. Como eu os amo. Como sou grata por sua amizade. Me lembro agora da primeira vez em que fiz terapia. Houve coisas que foram citadas, mas que não explorei muito. Que minha mãe tinha inveja e queria competir com as filhas. Que a ideia de ter filhos me dava repulsa porque eu tinha que curar a minha criança interior. Minha avó me amava, e me dava colo. Eu era sua primeira neta. Ela incentivava minhas explorações, minha curiosidade. Ela me alimentava. Minha mãe controlava a nossa alimentação, que tinha que ser perfeita e balanceada. Os doces, proibidos, eram o tesouro mais desejado que só poderia ser degustado com absoluta e restrita moderação. Tive um modelo de criação muito patriarcal, por parte da minha mãe, por parte da escola. Muita rigidez. Muito controle. E eu queria ser livre.



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