Pensamentos frescos do travesseiro

- Não é porque namoro um homem, com quem quero me casar e ter filhos, que integrarei a estrutura patriarcal e submeter-me-ei à sua escravidão.

- Não é porque não farei parte disso que tenho que integrar uma resistência violenta e sofrida. Posso (e vou) divergir com compreensão, bom humor e sabedoria.

- Meu namorado precisa aprender a pensar e agir por si só. Ele precisa descobrir quem ele é e o que ele quer. Isso é problema dele, a priori. Mas passa a ser problema meu quando penso em escolhê-lo como meu parceiro de vida.

- Eu continuarei a ser eu mesma. Continuo e continuarei com minhas descobertas sobre mim, me amando por mim mesma, por meus amigos, por minha família, por meus animais.

- Preciso me preparar para cuidar e crescer em setores distintos: eu indivíduo, eu profissional, eu no relacionamento, eu mãe de crianças humanas. Setores distintos que podem ser facetas da mesma pessoa, caso eu assim me veja.

- Quem eu sou sem esses elementos? Quem eu sou com esses elementos? Como eu me vejo? O que eu realmente quero para mim e desejo para a minha vida?



Sou uma borboleta saindo agora do casulo. Quero voar, quero ser livre, quero ser feliz. Não me quero deixar prender. Um relacionamento monogâmico exclusivo é uma prisão para mim? Ser mãe é uma prisão, cheia de abdicações e fardos e fraldas sujas? Nossa, não. Quero voar alto. Quero meus pés no chão, fixos no solo. Mas quero voar. Quero correr. Quero rolar no chão. Me esfregar na terra. Quero tudo, e não vou me repreender por querer tudo o que tenho direito de ter, e que posso ter. Minha nossa, quero ser feliz, quero ser um ser iluminado de luz pura e harmonia, quero sacudir pra fora do meu corpo, da minha alma, do meu âmago, da minha escuridão, toda culpa, todo sentimento ruim. Não quero carregar mais isso comigo. Já chega. Sai, culpa. Sai, peso ruim que me arrasta pra baixo. Sai, sai daqui. Vou acabar com você.

Me vejo mais insegura nesse relacionamento. Não sei se meu namorado realmente me ama por quem eu sou. Acho que ele já me amou mais, algum dia. Não sei se ele me ama da mesma forma que amou. Talvez ele só esteja voltando para algo conhecido, algo familiar, em vez da dificuldade de se embrenhar no novo e desconhecido. Não sei se ele confia plenamente em mim. Não sei se eu confio plenamente nele. Eu o amo, e vejo nele um potencial incrível, mas aprisionado. Não sei se confio no empenho dele em libertar esse potencial. Não sei se confio que ele vá adentrar em si mesmo para se resgatar. Essa é uma tarefa árdua. É uma tarefa exigente, dura, demorada. Talvez eu não esteja com paciência para esperá-la. Chegou a hora de eu imaginar os diferentes cenários que enxergo para minha vida, e sobre eles refletir.



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