Erros, acertos e a preguiça

05/11/2017

Encontro-me no Theatro Municipal de São Paulo. Cheguei atrasada para a ópera, mas comprei o ingresso mesmo assim. Estou no café, pensando na vida. Até que foi bom. Fiquei frustrada a princípio, tentando culpar toda e qualquer outra coisa pelo meu fracasso, e voltando a me dizer que eu que havia atrasado.
Que privilégio estar aqui sossegada nesse lugar tão lindo. E tenho muito em que pensar. Na verdade, queria estar sozinha nesse teatro, por várias horas. Mas é o que tenho agora. E começo a colocar os pensamentos em ordem.
Agora não há desculpa. Tenho todo o tempo que eu quiser para mim. E é impossível levantar da cama para realizar minhas atividades. Academia. Estudar alemão. Estudar canto. Arrumar o quarto. Tudo parece adiável, inalcançável, distante, penoso. E meus dias se passam sem realizações. Meus objetivos não se tornam pouco a pouco mais próximos. Sempre pareço precisar descansar de algo que não fiz. O cansaço que vem da pura falta de energia advinda da inércia. Parece que não sei viver. É difícil tomar tantas atitudes sem um impulso externo. Buscar a motivação interna pra fazer tantas coisas é pesado. É como empurrar um caminhão para cada tarefa começar.
Preciso traçar uma rotina, com horários, e não me desviar dela por nada. Como se fosse um emprego. Como se houvesse uma cobrança de fora.

Comments

  1. Me leio nesse seu primeiro ato. Neste mundo aberto, transparente e solitário da internet e dos corações humanos é bom encontrar-me aqui.
    Penso que essa necessidade de receber estímulos externos e constantes não é algo natural do nosso ser, apesar de nos colocar em xeque a toda hora. Inventaram essa vida para vivermos - traçar rotas, planos, gráficos, objetivos.
    Sei que não devo assumir tom pessoal nos devaneios da literatura aqui exposta, mas veja só: Falo aqui para o Eu do texto, seja ele existente ou não. Se este ser estava no Theatro, lindo e belo, por que haveria ele de se preocupar com as metas cartesianas da vida? Me pergunto o que nos falta para que possamos viver os momento sem as interferências inúteis.
    Lendo o texto - e já envergonhado por escrever um tomo - me ficou uma frase que li na faculdade: Tudo que é sólido desmancha no ar. E essa vida moderna, que não permite o ócio pelo ócio, o prazer pelo prazer, a caminhada sem objetivo... essa vida se desfaz no meio dos nossos dedos!

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