Falta, e o degelo da coragem

Sinto se aproximar o dia em que terei de tomar uma atitude. Uma iniciativa. Hoje, sua ausência me foi um tanto triste, um tanto sentida. A quem quero enganar? Bastante sentida. A consciência de que só o verei daqui a outra semana é uma provação quase bíblica. Tanto por hoje esperei, em você tanto pensei desde que nos separamos! Nos momentos que passaríamos juntos, nas risadas, nos sorrisos, no seu olhar. No que você tem a me dizer. Em juntar coragem para te convidar para tomar um café. Ah, tanto já doeu essa espera, e agora mais outra, sem o êxtase de te ter visto. Te quero tanto, tanto! Só você me traz essa harmonia. Te quero tão bem, desejo tanto a sua companhia! Percebo que me encontro um tanto anestesiada, todavia. Me preservo. Não posso destruir o que acabei de reerguer. Mas, eventualmente, terei de pôr à prova: a vida segue. Acho que esse momento se aproxima. Sabiamente, me resguardei. Soube que não era o momento. Respeitei meu tempo de cura, e a recompensa se mostra incalculável. Mas vou acordando do sedativo, e, mortificada e titubeante, me dou conta de que, em breve, voltarei ao jogo. Vou aos poucos sentindo a necessidade de ser mais incisiva, mais direta, mais ambígua, também. Voltamos ao ponto inicial, em que tenho de arriscar algo para descobrir em que pé se encontra a outra pessoa. Bom. Desde minha primeira paixão, já na infância, nunca fui de guardar pra mim. Já quebrei a cara, é verdade: muito, e dolorosamente, já nessa primeira e malfadada tentativa, assim como em muitas outras. Mas, também foi a forma pela qual colhi frutos, pela qual vivi grandes amores. É. Carolina voltará oficialmente às suas atividades. Firme e com sutileza, tentarei me aproximar mais de você. Digna, tranquilamente. Ai, que dor e que humilhação seria ser abertamente rejeitada. Pior ainda! O pavor de perder a proximidade que tenho agora de você! Céus, isso sim me apavora!!! Não quero ter de você nem um tantinho a menos do que tenho, do que sinto que conquistei. Nem um minuto a menos, nem uma palavra a menos. Nas horas que passamos juntos, sua atenção é toda minha: seu olhar é todo meu. Suas palavras são todas para mim. Nos tornamos ambos o momento, a conexão, completa e intensa. Presentes no espaço que ocupamos, no tempo que é eletricidade viva, e em algo mais que ciência alguma conhece. E, assim, nosso presente se torna lembrança.
O tempo passa, e meus pensamentos continuam sendo todos teus. Tento me livrar de ti, e, vez após vez, encontro após encontro, me apaixono de novo. É inexorável. E me pergunto, se você me quer o tanto que te quero. A afinidade é inegável, mas será que quer algo mais de mim? Talvez sim, talvez não. Realmente não sei dizer. Avalio situações e momentos, e é absolutamente inconclusivo. Também eu não facilitei em deixar nada claro: tenho ciência de que cortei alguns desenlaces. A mim aparenta que jogamos o mesmo jogo. Mas quem espelha quem? Se eu mudar minhas atitudes, mudará você as suas? Só há uma forma de saber. Agora vamos ver o que realmente se passa; ele nem vai ver o que o atingiu.

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