Reencontro, manhã

Olho meu histórico. Meu jeito ansioso e dramático de me apaixonar e de desejar alguém. Quero mudar. Uma mudança que seja fiel a mim, aos meus desejos e necessidades reais; nem a rigidez estéril que ceifa pela raiz, nem a permissividade descontrolada e esgotadora. Mudança estrutural se faz necessária. Será esse sentimento falso? Fruto da minha ânsia por amar e ser amada? Ou verdadeiro, puro, ingênuo, nascido de mim?
O ciclo do dia se renova. O sono restaurador varreu o idealismo romântico que ardia na calada da madrugada, habitat fértil e familiar para os desejos e pensamentos que vivem nas profundezas escuras esgueirarem suas raízes e sementes para o domínio mais dócil da consciência que adormece. A luz do dia me encontra liberta dos desejos perturbadores que me possuíam. Mas, no túnel fundo que habita meu peito, sinto os caules enegrecidos, úmidos e retorcidos me consumirem. Esse ser cresceu sem controle nas minhas entranhas, me estrangulando, sorvendo minha seiva vital. Sinto ser preciso lançar luz sobre ele. Um calor dourado que o convirta em meu aliado. Que torne os galhos lisos, carregados de folhas frescas e flores vermelhas, vibrantes e benevolentes.

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